Li o livro em pouco mais de 1 hora e meia. A leitura é rápida, graças a dinâmica da narrativa. A história é contada em 424 trechos que, ao final, revelam-se em 424 passos dados pelo próprio filho. Não, não estou adiantando o fim da história; a capa do livro anuncia: "A Queda. As memórias de um pai em 424 passos."
Lindo. Emocionante. Valioso.
Porque o mundo moderno muitas vezes nos faz esquecer do mais importante. E, às vezes, é preciso um evento trágico para nos trazer de volta à realidade.
Para quem tem filhos, recomendo. Porque o amor é um sentimento único, inexplicável, e o amor por um filho um verdadeiro mistério.
E, para quem não tem, recomendo também. Porque a vida caminha rápido demais e é preciso saber dar valor a cada passo.
"Mingardi era igual a mim. Eu era igual a Mingardi. O menino recém-nascido na incubadora era meu filho. Mingardi era Mainardi. Até nisso o hospital de Veneza errou: em seu nome."
"Espantosamente, a paralisia cerebral de Tito, para mim e para Anna, em momento algum representara um motivo de dor. Espantosamente, a paralisia cerebral de Tito, para mim e para minha esposa, em momento algum representara um peso.
Aos sete meses, Tito era apenas uma pessoa que amávamos."
"Encerrei a coluna de 24 de junho de 2002 de uma maneira vergonhosamente sentimental. Eu amava Tito. Eu amava a paralisia cerebral."
"Os passos de Tito tornaram-se minha unidade de medida. Comecei a calcular todos os nossos deslocamento a partir deles."
"Tito memorizara todas as lajotas desiguais de nosso vilarejo. A memória dessas lajotas desiguais impedia susas quedas. Em vez de trilhar novos caminhos, eu ambicionava apenas que ele trilhasse velhos caminhos. Em vez de pisar em terrenos desconhecidos, eu ambicionava apenas que ele pisasse em terreno conhecido.
O meu mundo passara a terminar no ponto em que terminavam os passos de Tito."
"A QUEDA. As memórias de um pai em 424 passos" (152 pgs)
DIOGO MAINARDI
Ed. Record
Livraria Saraiva (R$ 29,90)
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